Valsa do bordel

Vinicius de Moraes

Longas piteiras  Perfumes no ar  Roxas olheiras  Em torno do olhar  Que brincadeira  Fazer profissão  Da mais antiga e  Mais sem solução  Discos franceses  Tão sentimentais  Velhos fregueses  Com taras iguais  Ah, quem me dera voltar para trás  Sem sentir mais tanta solidão  E, de repente, entre tanto cliente  Lá chega o gostosão  E, incontinênti, abre conta corrente  Em nosso coração  A gente apanha  Mas sente prazer  Dá o que ganha  E o que se vai fazer?  Ele é a paixão, todo resto é saber  Vender um pouco de ilusão  E um dia assim  Como quem faz porque acontece  Num abraço ela me desse  A esperança de poder dizer-lhe adeus