A Casa da Rua Abílio

Alberto de Oliveira

A casa que foi minha, hoje é casa de Deus. Traz no topo uma cruz. Ali vivi com os meus, Ali nasceu meu filho; ali, só, na orfandade Fiquei de um grande amor. Às vezes a cidade Deixo e vou vê-la em meio aos altos muros seus. Sai de lá uma prece, elevando-se aos céus; São as freiras rezando. Entre os ferros da grade, Espreitando o interior, olha a minha saudade. Um sussurro também, como esse, em sons dispersos, Ouvia não há muito a casa. Eram meus versos. De alguns talvez ainda os ecos falarão, E em seu surto, a buscar o eternamente belo, Misturados à voz das monjas do Carmelo, Subirão até Deus nas asas da oração.