Ao Dois de Julho

Castro Alves

ÍNDIO GIGANTE adormecera um dia: Junto aos Andes por terra era prostrado; Diríeis um colosso deslocado De um pedestal de imensa serrania. Dos ferros a tinir a voz sombria Desperta-o... Ruge-lhe o trovão um brado. Roçam-lhe a fronte as nuvens... sopesado À destra o fulvo raio lhe alumia. Foi luta de titães, luta tremenda! Enfim aos pés do Atlante americano Sestorce Portugal nangústia horrenda. E hoje o dedo de Deus escreve ufano: Tremei, tiranos, desta triste lenda; Livres, erguei o colo soberano!