Minh'alma dorme, indolente A tudo o que é grande e belo. Ai! não sei que pesadelo Assim me pousou na mente! Debalde agora procuro Os sonhos do meu futuro De amor e glória tão cheios, Na quadra dos devaneios E das longas ilusões! Mas se dócil a teus dedos O teu piano palpita, Se derramas teus segredos Nessa harmonia infinita, Nessa queixa vaga e incerta, Então minh'alma — desperta Desse fatal pesadelo — Sacode o manto de gelo, Banha-se em novo fulgor, Ama a luz que o sol exala, E em cada nota que fala Soletra um hino de amor! Mas se também indolente O teu piano se cala, Minh'alma é só languidez. — Como a criança dormente, Que os olhos súbito abrira, Queixosa e triste suspira, E — sem ti — dorme outra vez!