Adeus

Castro Alves

—ADEUS — Ai criança ingrata! Pois tu me disseste — adeus —? Loucura! melhor seria Separar a terra e os céus. — Adeus — palavra sombria! De uma alma gelada e fria És a derradeira flor. — Adeus! — miséria! mentira De um seio que não suspira, De um coração sem amor. Ai, Senhor! A rola agreste Morre se o par lhe faltou. O raio que abrasa o cedro A parasita abrasou. O astro namora o orvalho: — Um é a estrela do galho, — Outro o orvalho da amplidão Mas, à luz do sol nascente, Morre a estrela — no poente! O orvalho — morre no chão! Nunca as neblinas do vale Souberam dizer-se — adeus — Se unidas partem da terra, Perdem-se unidas nos céus. A onda expira na plaga.. . Porém vem logo outra vaga Pra morrer da mesma dor ... — Adeus — palavra sombria! Não digas — adeus —, Maria! Ou não me fales de amor!