I – Praça Da República

Menotti del Picchia

Os chorões lavaram seus cabelos verdes nas piscinas de cimento dentadas de rochedos feitos por marmoristas e desenhados por Debugras Há peixes dispépticos que só comem pão-de-ló servidos pelos dedos lunares das Salomés-normalistas que sabem de cor as façanhas de Tom-Mix e Tiradentes. As astúrias cortaram suas tranças "à la garçonne" e ouvem lições de geometria no espaço de sábios buxos cubistas... Praça da República cheia de mulheres públicas de detritos humanos, como um porto cosmopolita onde os táxis atracam, velhas catraias urbanas que vogam nos canais de asfalto das alamedas. Álvares de Azevedo, o último Romântico, condenado às galés da imortalidade, cospe na praça noturna, do alto de sua herma, o seu desdém de bronze.