Noites de Inverno

Raimundo Correia

Enquanto a chuva cai, grossa e torrencial, Lá fora; e enquanto, ó bela! A lufada glacial Tamborila a bater nos vidros da janela; Dentro, esse áureo torçal Do cabelo que, rico, em ondas se encapela, Deslaça; e o alvor ideal Do teu corpo à avidez do meu olhar revela; Porque, à avidez do olhar Do amante, é grato, ao menos, Destas noites no longo e monótono curso, — Claro como o luar — Ver um busto de Vênus Surgir dentre as lãs e dentre as peles de urso.