Beijos do Céu

Raimundo Correia

Sonhei-te assim, ó minha amante, um dia: — Vi-te no céu; e, anamoradamente, De beijos, a falange resplendente Dos serafins, teu corpo inteiro ungia... Santos e anjos beijavam-te... Eu bem via Beijavam todos o teu lábio ardente; E, beijando-te, o próprio Onipotente, O próprio Deus nos braços te cingia! Nisto, o ciúme — fera que eu não domo — Despertou-me do sonho, repentino Vi-te a dormir tão plácida a meu lado... E beijei-te também, beijei-te... e, ai! como Achei doce o teu lábio purpurino. Tantas vezes assim no céu beijado!