Último Porto

Raimundo Correia

Este o país ideal que em sonhos douro; Aqui o estro das aves me arrebata, E em flores, cachos e festões, desata A Natureza o virginal tesouro; Aqui, perpétuo dia ardente e louro Fulgura; e, na torrente e na cascata, A água alardeia toda a sua prata, E os laranjais e o sol todo o seu ouro... Aqui, de rosas e de luz tecida, Leve mortalha envolva estes destroços Do extinto amor, que inda me pesam tanto; E a terra, a mãe comum, no fim da vida, Para a nudeza me cobrir dos ossos, Rasgue alguns palmos do seu verde manto.