Nos últimos terraços

Sophia de Mello Breyner Andresen

Nos últimos terraços dos espaços Sobre os ventos imóveis e calados Dorme. Nem a Primavera derramada Nem o terror e o caos que a Terra gera Nem a sombra vermelha dos corpos mutilados Atravessam As barreiras de silêncio que o separam. Tem o rosto voltado ao infinito Um rosto perfeito de traços imutáveis Nem frio, nem calor, nem ar, nem água O alimentam. Respiram unicamemte o seu segredo O seu segredo secreto para sempre. E duas fontes correm de seus olhos fechados.