História de alma

Vinicius de Moraes

Meia-noite. Frio. Frio em tudo  E mais frio que em tudo, frio na Alma  A Noite grande e aberta... a Alma grande e aberta...  Infinitamente frias...  No alto a noite má seguia a Alma que vagava  Enregelada e nua entre todas as almas  Seguia a Alma presa  Presa por todos os lados  A Alma caminhava e a noite caminhava com ela  A Alma fugia e a noite perseguia a Alma  E a Alma parava. Então a noite também parava  E mandava um frio mais frio do que a Alma  E a Alma já fria tornava a caminhar  E a noite vinha e perseguia a Alma  E a Alma parava... e a Alma parava...  E chorando ajoelhada pedia perdão...