Poema dos olhos da amada

Vinicius de Moraes

Vinicius de Moraes , Paulo Soledade Ó minha amada  Que olhos os teus  São cais noturnos  Cheios de adeus  São docas mansas  Trilhando luzes  Que brilham longe  Longe nos breus...  Ó minha amada  Que olhos os teus  Quanto mistério  Nos olhos teus  Quantos saveiros  Quantos navios  Quantos naufrágios  Nos olhos teus...  Ó minha amada  Que olhos os teus  Se Deus houvera  Fizera-os Deus  Pois não os fizera  Quem não soubera  Que há muitas eras  Nos olhos teus.  Ah, minha amada  De olhos ateus  Cria a esperança  Nos olhos meus  De verem um dia  O olhar mendigo  Da poesia  Nos olhos teus. Edições Euterpe LTDA