Soneto a quatro mãos

Vinicius de Moraes

(com Paulo Mendes Campos)  Tudo de amor que existe em mim foi dado.  Tudo que fala em mim de amor foi dito.  Do nada em mim o amor fez o infinito  Que por muito tornou-me escravizado.  Tão pródigo de amor fiquei coitado  Tão fácil para amar fiquei proscrito.  Cada voto que fiz ergueu-se em grito  Contra o meu próprio dar demasiado.  Tenho dado de amor mais que coubesse  Nesse meu pobre coração humano  Desse eterno amor meu antes não desse.  Pois se por tanto dar me fiz engano  Melhor fora que desse e recebesse  Para viver da vida o amor sem dano.