Alucinação à Beira Mar

Augusto dos Anjos

Um medo de morrer meus pés esfriava. Noite alta. Ante o telúrico recorte, Na diuturna discórdia, a equórea coorte Atordoadoramente ribombava! Eu, ególatra céptico, cismava Em meu destino!... O vento estava forte E aquela matemática da Morte Com os seus números negros me assombrava! Mas a alga usufructuária dos oceanos E os malacopterígios subraquianos Que um castigo de espécie emudeceu, No eterno horror das convulsões marítimas Pareciam também corpos de vítimas Condenadas à Morte, assim como eu!