A Morte – O Sol do Terrível

Ariano Suassuna

Mas eu enfrentarei o Sol divino, o Olhar sagrado em que a Pantera arde. Saberei porque a teia do Destino não houve quem cortasse ou desatasse. Não serei orgulhoso nem covarde, que o sangue se rebela ao toque e ao Sino. Verei feita em topázio a luz da Tarde, pedra do Sono e cetro do Assassino. Ela virá, Mulher, afiando as asas, com os dentes de cristal, feitos de brasas, e há de sagrar-me a vista o Gavião. Mas sei, também, que só assim verei a coroa da Chama e Deus, meu Rei, assentado em seu trono do Sertão.