A Cestinha de Costura

Castro Alves

Para o livrinho de D. BRASÍLIA VIEIRA NÃO QUERO panteons não quero mármores Não sonho a Eternidade fria, escura... Minha glória ideal é o quente abrigo De uma pequena cesta de costura. À sombra dos terraços florescentes Entorna a violeta a essência pura: Flores dalma recendem mais fragrância Numa pequena cesta de costura. Batida pelos corvos da procela, A pomba a era tímida procura: Pousa minh’alma foragida as asas Nesta pequena cesta de costura. Astros que amais a espuma das cascatas!... Orvalhos que adorais do lírio a alvura! Dizei se há menos lânguidos arminhos Nesta pequena cesta de costura. Nesse ninho de fitas e de rendas... No perfume sutil da formosura... Vão meus versos viver de aroma e risos Entre as flores da cesta de costura. E quando descuidada mergulhares Esta mão pequenina, santa e pura, Possam eles beijar teus níveos dedos Escondidos na cesta de costura.