Elegia de Taormina

Vinicius de Moraes

Taormina A dupla profundidade do azul  Sonda o limite dos jardins  E descendo até a terra o transpõe.  Ter o Etna, coberto de neve, ao horizonte da mão,  Considerado das ruínas do templo grego,  Descansa.  Ninguém recebe conscientemente  O carisma do azul.  Ninguém esgota o azul e seus enigmas.  Armados pela história, pelo século,  Aguardando o desabar do azul, o desfecho da bomba,  Nunca mais distinguiremos  Beleza e morte limítrofes.  Nem mesmo debruçados  Sobre o mar de Taormina.  Oh, intolerável beleza,  Oh, pérfido diamante,  Ninguém, depois da iniciação, dura  No teu centro de luzes contrárias.  Sob o signo trágico vivemos  Mesmo quando na alegria  Levantamos o pão e o vinho.  Oh, intolerável beleza  Que sem a morte se oculta.