Eu venho te trazer esta mulher - é louca!... tem olhar de céu mas o céu é morto nos seus olhos
Toma, é tua! - é bela, eu a vi nua... seus seios são fortes e ingênuos mas não são seios... - sua face
É límpida como a face da Lua mas não é uma face - é bela mas não é a beleza... Eu a encontrei vagando
Na rua e ela dizia: Quem eu sou? onde estou? para onde vou? milhares e milhares de vezes...
Eu venho te trazer esta criança porque sei que és bom, que não a recusas - ai de mim, eu estou no fim das forças
Em vão a banhei, a perfumei, a alimentei, a deflorei e a repousei sobre a mais tépida das camas
E mostrei-lhe livros de história - talvez a infância... - e uma nódoa de sangue de uma velha pústula - talvez a juventude...
Quem eu sou? onde estou? para onde vou? - nada! apenas os gestos, longos gestos finitos de quem semeia
Tu talvez que és indolente, que nada fazes senão poemas que não te sustentam a família
E que não são o suor do teu corpo...
"São o suor da minha alma!"