Pressentimento

Vinicius de Moraes

Deixa dormir na tua porta o sono, poeta apascentado pela Lua  Seus seios bebem teu sangue para alimentar os anjos  Ouve as flores, sente como as suas minúsculas tetas de perfume  Palpitam cheias de vinho para as pequeninas ovelhas do céu  Fica em calma, enche teus olhos do verde negror da noite  E quando muito recita um pouco de poesia à toa para as estrelas  Porque nada tens a fazer, nada! e os passarinhos continuam soltos por aí...