Que hei de fazer de mim,…

Vinicius de Moraes

Que hei de fazer de mim, neste quarto sozinho  Apavorado, lancinado, corrompido  A solidão ardendo em meu corpo despido  E em volta apenas trevas e a imagem do carinho!  Defendido, a me encher como um rio contido  E eu só, e eu sempre só! ó miséria, ó pudor!  Vem, deita comigo, branco e rápido amor  Risca de estrelas cruéis meu céu perdido!  Lança uma virgem, se lança, sobre este quarto  Fá-la que monte no teu sórdido inimigo  E que o asfixie sob o seu púbis farto  Mas que prazer é o teu, pobre alma vazia  Que a um tempo ordenhas lágrimas contigo  E outras enxugas, fiéis lágrimas de agonia!