Soneto a Pablo Neruda

Vinicius de Moraes

Quantos caminhos não fizemos juntos Neruda, meu irmão, meu companheiro... Mas este encontro súbito, entre muitos Não foi ele o mais belo e verdadeiro? Canto maior, canto menor — dois cantos Fazem-se agora ouvir sob o Cruzeiro E em seu recesso as cóleras e os prantos Do homem chileno e do homem brasileiro E o seu amor — o amor que hoje encontramos... Por isso, ao se tocarem nossos ramos Celebro-te ainda além, Cantor Geral Porque como eu, bicho pesado, voas Mas mais alto e melhor do céu entoas Teu furioso canto material! Atlântico Sul, a caminho do Rio, 1960