Soneto da espera

Vinicius de Moraes

Aguardando-te, amor, revejo os dias Da minha infância já distante, quando Eu ficava, como hoje, te esperando Mas sem saber ao certo se virias. E é bom ficar assim, quieto, lembrando Ao longo de milhares de poesias Que te estás sempre e sempre renovando Para me dar maiores alegrias. Dentro em pouco entrarás, ardente e loura Como uma jovem chama precursora Do fogo a se atear entre nós dois E da cama, onde em ti me dessedento Tu te erguerás como o pressentimento De uma mulher morena a vir depois. Rio, abril de 1963