Máscara mortuária de Graciliano Ramos

Vinicius de Moraes

Feito só, sua máscara paterna,  Sua máscara tosca, de acre-doce  Feição, sua máscara austerizou-se  Numa preclara decisão eterna.  Feito só, feito pó, desencantou-se  Nele o íntimo arcanjo, a chama interna  Da paixão em que sempre se queimou  Seu duro corpo que ora longe inverna.  Feito pó, feito pólen, feito fibra  Feito pedra, feito o que é morto e vibra  Sua máscara enxuta de homem forte.  Isto revela em seu silêncio à escuta:  Numa severa afirmação da luta,  Uma impassível negação da morte.