Soneto da rosa tardia

Vinicius de Moraes

Como uma jovem rosa, a minha amada... Morena, linda, esgalga, penumbrosa Parece a flor colhida, ainda orvalhada Justo no instante de tornar-se rosa. Ah, porque não a deixas intocada Poeta, tu que és pai, na misteriosa Fragrância do seu ser, feito de cada Coisa tão frágil que perfaz a rosa... Mas (diz-me a Voz) por que deixá-la em haste Agora que ela é rosa comovida De ser na tua vida o que buscaste Tão dolorosamente pela vida? Ela é rosa, poeta... assim se chama… Sente bem seu perfume... Ela te ama... Rio, julho de 1963